Unidade da JPT na UNE para lutar por Lula Livre

Unidade da JPT na UNE para lutar por Lula Livre

Unidade da JPT na UNE para lutar por Lula Livre

Unidade da JPT na UNE para lutar por Lula Livre

Unidade da JPT na UNE para lutar por Lula Livre

Unidade da JPT na UNE para lutar por Lula Livre

 

Página 13 publica texto de Lucas Reinehr, diretor de Assistência Estudantil da UNE, a respeito da primeira reunião da UNE após o 57º Congresso da entidade e da atuação da JPT.

 

Unidade da JPT na UNE para lutar por Lula Livre

 

Durante os dias 9, 10 e 11 de agosto aconteceram, em São Paulo, as atividades que deram início à gestão 2019-2021 da União Nacional dos Estudantes. Além da assembleia de posse, que aconteceu na sexta-feira na FEA – USP e reuniu estudantes, sindicalistas e movimentos populares, aconteceu também, no sábado, a primeira reunião da diretoria da nova gestão.

A reunião de diretores foi um importante espaço para pensar de que forma irá atuar e qual agenda política seguirá a entidade, principalmente em uma conjuntura tão desafiadora para a educação pública e com a recente divulgação do Programa Future-se. Apesar da relevância do espaço, a forma de condução das atividades, a metodologia proposta e a resolução aprovada ficaram aquém do esperado.

A programação do sábado propunha que, além de reunir as diretorias para que discutissem e fizessem um esboço de planejamento das atividades para a gestão, seria escrito um documento que sairia daquele espaço em forma de carta: A Carta de São Paulo – trazendo uma avaliação e as diretrizes da entidade para o próximo período.

Como de praxe, a proposta de documento foi iniciada pela maior força – a União da Juventude Socialista – e posteriormente socializada com os demais coletivos para que pudessem fazer ementas, correções, sugestões, etc. Infelizmente, o texto base sequer foi enviado à Articulação de Esquerda pela UJS – o que comumente acontece com quem é oposição. Outras forças da juventude do PT receberam o texto e, posteriormente, compartilharam conosco a proposta. Quando é conveniente para a força majoritária, nos dividem, porém quando também é conveniente, nos blocam.

Lida a proposta de texto base, a avaliação da Articulação de Esquerda era de que, além de não mencionar a prisão política de Lula e a luta por sua liberdade, o texto reduzia as questões da conjuntura aos ataques da educação e deixava de trazer elementos fundamentais para pensar os desafios e as tarefas do movimento estudantil daqui para frente. Uma proposta foi formulada por mim e apresentada para alguns companheiros da JPT – Luta e ParaTodos -, que se mostraram de acordo. Quando fui apresentar a proposta às outras forças, descobri que não apenas esse assunto já havia sido debatido, como já havia sido incorporada uma proposta de emenda ao texto – que até certo ponto convergia com o conteúdo proposto pela AE. Essa situação demonstrou uma falta de comunicação entre a JPT – que sim, se divide em diferentes forças dentro da UNE, mas que nesse momento precisa, mais do que nunca, atuar conjuntamente para incidir na política da entidade.

Após formulada a proposta da JPT, houve, porém, um impasse: a UJS travou a o trecho que mencionava a prisão do Lula, alegando não ser consenso inclusive entre as forças da JPT. Reunimos a JPT: havia consenso. Porém, havia também “necessidade de mediação” por parte da Democracia Socialista.

Mais um entrave: foi colocado, também pela força majoritária, que o PDT e o PPL também não teriam acordo com Lula ser mencionado no texto. Por fim, a CNB buscou o PDT para conversar e o que eles colocaram é que não haveria problema em mencionar a questão do Lula, porém não concordam com a centralidade da pauta. O PPL colocou que, mencionando a luta pela liberdade do Lula, deveriam também ser acrescentados diversos outros pontos além destes, como se a prisão do Lula fosse “apenas mais um elemento da conjuntura”.

Com a possibilidade de ter a prisão do companheiro Lula retirada do texto, fizemos uma articulação da JPT para garantir que esse elemento entrasse na carta. Entre propostas e alterações, incluímos a prisão de Lula na carta, porém houve mais um impasse: a frase “Combater os processos arbitrários instalados pelo judiciário/por setores do judiciário e as instituições que não escondem a perseguição política a Lula, hoje preso em Curitiba a partir de um processo ilegal e inconstitucional, bem como a perseguição a outros líderes populares e a falta de respostas sobre a execução de Marielle”. A palavra “setores” serviu para gerar desgaste e um incansável debate que nos levou à desarticulação.

A posição da JPT foi de que a frase não deveria conter “setores” e a posição da UJS era de que deveria conter – pois não se pode simplificar o inimigo. Nisso, já haviam passado horas e o texto precisava ser fechado. Uma proposta alternativa foi usar “setores hegemônicos do judiciário”. Dentro das possibilidades, da intransigência da majoritária e da tentativa de apressar-nos, a menos pior. Até então, existia um esforço e unidade da JPT, inclusive ponderando a possibilidade de irmos em bloco conversarmos com as outras forças para que a questão do Lula entrasse. Porém, as tentativas de “mediação” de algumas forças e o autonomismo de outras acabaram nos desarticulando.

Ao fim e ao cabo, a palavra “setores” não foi aceita por uma companheira da JR. De uma forma justa, porém autonomista, essa companheira optou por discutir individualmente com a UJS o mérito da palavra “setores” na frase. A situação nos conduziu à dispersão que nos conduziu à desarticulação da JPT. De repente, o que até então estava se firmando enquanto um bloco petista disposto a comprar uma briga pela menção da liberdade do Lula na carta, acabou se transformando em forças fragmentadas.

Vale ressaltar que, antes disso, o conjunto da JPT havia discutido a possibilidade de elaboração de um documento a ser enviado para o companheiro Lula em Curitiba, que saísse daquele espaço dos diretores. Lula escreveu uma carta aos estudantes do 57º Conune, que foi lida no congresso, porém não foi respondida. Compreendendo a importância política e a cordialidade desse gesto, nos propúnhamos a construir esse documento que sairia dali para Curitiba. Infelizmente, o método de condução do espaço, a tentativa de nos apressar e a desarticulação causada pelo dissenso fez com que a carta não fosse escrita ou encaminhada – o que, na minha avaliação, foi um erro grave e me incluo na crítica. Ter submetido aquela carta enquanto Juventude do PT no movimento estudantil teria sido extremamente importante.

Por fim, o que entrou no texto foi o trecho que fala da perseguição e prisão ilegal do Lula, porém, sem pedir “Lula Livre”. A questão é: por que deixamos passar um texto que menciona a prisão política de Lula, porém não pede sua liberdade? Minha avaliação é: por falta de comunicação e coesão enquanto JPT, por posturas equivocadas, por tentativas de “mediação” e por uma má escolha política. Curiosamente, a resposta começa com o último fator.

Durante o 57º Conune, existiu apenas uma chapa que defendeu a centralidade da luta pela liberdade de Lula em suas teses, a chapa “UNE Para Tempos de Guerra”, que elegeu 3 diretores. Os demais coletivos da JPT fizeram uma má escolha em compor um campo com forças que não priorizam a luta pela liberdade de Lula – algumas sequer o querem livre.

Para incidir politicamente dentro da entidade e garantir uma maior centralidade não apenas da luta pela liberdade do companheiro Lula, mas também da defesa do legado de nossos governos, é preciso que a JPT abandone as ilusões com o campo majoritário e parta para a construção de uma oposição petista à atual direção da entidade. Somente com uma construção unitária do Partido dos Trabalhadores conseguiremos defender firmemente as pautas do nosso partido dentro do movimento estudantil – não apenas em documentos, mas também através de ação política. Não há justificativa para aliar-se a forças que já demonstraram seu descompromisso com a luta pela liberdade de Lula e por outras pautas que nos são caras e perpassam a luta pela educação. Outro ponto estruturante foi a falta de comunicação e articulação prévia. É nossa responsabilidade, enquanto forças que integram um partido que hoje está na mira das elites, garantir um maior diálogo que possibilite nossa articulação e atuação conjunta em momentos como esse. Assim como é importante não nos deixarmos levar por táticas que visam nos desarticular e vencer peço cansaço. É preciso coesão e firmeza coletiva para incidirmos politicamente.

As tentativas de mediação, principalmente das forças mais algemadas à UJS política e pragmaticamente, também serviram para a desarticulação da unidade e contribuíram para que déssemos um passo atrás. É papel da Juventude do PT defender a liberdade de Lula em conjunto, não fazer concessões ao que propõe a força majoritária em nome do “consenso”.

Por fim, mais uma vez, faltou unidade. Também faltou comunicação e coesão. A crítica e a autocrítica contribuem para repensarmos nossa atuação e refletirmos sobre o movimento estudantil que queremos construir, garantindo a luta pela liberdade de Lula como algo central nas nossas lutas e também a defesa dos direitos da classe trabalhadora – que inclui a educação mas não se finda nela. Para isso, a JPT tem uma relação a ser aprimorada e coesionada, que poderá servir para a pavimentação de uma importante unidade dentro da entidade.

 

Lucas Reinehr é militante petista e diretor da UNE.

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