Por Elbe Marques Belardinelli (*)
O contexto de realização do X Congresso do CPERS – sindicato dos professores e funcionários das escolas públicas estaduais do Rio Grande do Sul – foi um dos mais críticos que vive a categoria. São mais de quatro anos sem reajuste salarial, desmonte sistemático das escolas, precarização dos servidores e processo avançado de destruição da escola pública e de mercantilização do ensino. Um bom exemplo é o número de contratados que atingem quase 30% do quadro geral de servidores. Isso demonstra o quadro de precarização do magistério gaúcho. Desta forma, Leite (PSDB) o atual governador segue, sistematicamente, a cartilha de Sartori (MDB) o anterior que impõe uma agenda totalmente neoliberal.
Apesar das adversidades, o congresso que ocorreu em setembro, em Bento Gonçalves, também, surgiu como espaço de esperança, A cada três anos, o CPERS que conta com quase 100 mil sócios, se reuni para debater, fazer balanço e construir as estratégias necessárias para enfrentar esses governos que são inimigos da educação e dos trabalhadores. E, foi isso que fizemos, quando o CPERS, com seus mais de 74 anos de história de resistência construiu um congresso com 1.800 delegados eleitos na base pela categoria em todo o estado aprovaram resoluções estratégicas para orientar a atuação do sindicato.
Com uma importante intervenção da Articulação de Esquerda Sindical que aumentou significativamente sua bancada de delegados, tornando-se a segunda força do congresso, e foi decisiva nas principais resoluções e polêmicas.
A primeira polêmica foi a questão do Lula Livre. Se a campanha Lula Livre teria que ser abraçada pelo sindicato. A Articulação de Esquerda encabeçou e defendeu a proposta do CPERS, pois defender, institucionalmente, Lula Livre entendendo que Lula é um preso politico e faz parte da resistência. Infelizmente, a Artsind e outras correntes não tiveram esse entendimento e votaram contra e a resolução que não passou no plenário.
Por outro lado, veio uma vitória importante: uma resolução proposta pela Articulação de Esquerda para o CPERS se refiliar a CUT, tendo em conta que o sindicato se desfiliou da central há 4 anos.
Portanto, depois de várias polêmicas e debates acirrados a resolução foi aprovada pela maioria dos congressistas e abriu o processo real de filiação a central sindical. Aqui, tivemos uma dupla vitória, o ponto alto do congresso, pois se politizou o congresso e se avançou na unidade dos trabalhadores, mostrando um alto nível de conscientização de classe.
Outras resoluções importantes foram em relação aos contratados que hoje enfrentam o governador e são vanguarda nos últimos enfrentamentos. Em tempos sombrios o congresso do CPERS nos acendeu a esperança de que é possível a vitória se a resistência vier com luta e muita organização.
(*) Elbe Marques Belardinelli é professor da Rede Pública Estadual, Um por Mil e Secretário do 18º Núcleo do CPERS/Sindicato.