Alinhamento com os EUA pode?

Por Valter Pomar (*)

Embora o voto do Brasil na ONU tenha decepcionado alguns, entusiasmou outros.

Alguns chegaram ao ponto de afirmar que a resolução aprovada pela ONU teria sido “escrita pelo Brasil”.

Outros afirmaram – como fez um colega de profissão – que o voto do Brasil teria rompido com a “diplomacia bolsonarista de alinhamento com Putin, o trumpismo e toda a extrema direita global que apoia a criminosa guerra de invasão russa”.

Tirante o exagero retórico, quem pensa isto não percebe que, usando a mesma lógica, se poderia dizer que, ao votar como votou, o Brasil adotou um “alinhamento” com os Estados Unidos e com o “partido da guerra” europeu.

Afirmar que “neutralidade diante de uma agressão é cumplicidade com o agressor” exige, por coerência, denunciar como também cúmplice o silêncio absoluto da resolução da ONU acerca das responsabilidades e crimes da OTAN, dos EUA, da UE e do atual governo ucraniano.

Notas à parte, se a OTAN não recuar, não haverá paz. Perceber isto não é ser aliado de Putin. Mas não falar disso é ser aliado dos EUA. O que, no caso de nós latino-americanos, é pior do que um crime: é um erro….

(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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