Fufuca provoca saudades

Por Valter Pomar (*)

Saudades do tempo em que um dos nossos problemas era enfrentar aqueles que – no debate sobre o chamado socialismo real – jogavam fora a criança junto com a água de banho.

Naquela época, chamava especial atenção o idealismo de algumas críticas, que desconsideravam totalmente as condições materiais, a ação dos inimigos, a correlação de forças etc.

O socialismo tinha que ser perfeito ou não seria socialismo.

O tempo passou.

E hoje, mais de 30 anos depois, o debate sobre o socialismo (e a luta por ele) perdeu muito espaço dentro da esquerda.

E,  no lugar do idealismo de antanho, hoje temos grandes doses de pragmatismo.

O engraçado é que os pragmáticos de hoje são, muitas vezes, os idealistas de antanho.

Antes, todos os problemas seriam ou falta de vontade ou erro da linha política.

Agora, não adiantaria de absolutamente nada ter a vontade de fazer diferente, não adiantaria mudar a linha política, não adiantaria tentar fazer diferente, pois simplesmente não haveria alternativa.

Alguns exageram na mão e dizem que o governo está sempre certo e ponto final.

Outros buscam argumentar e afirmam que “sem voto no Congresso, não se governa. Deveríamos ter aprendido alguma coisa com a derrocada golpista do governo Dilma”.

Pois é: deveríamos ter aprendido várias “coisas” com o golpe contra Dilma.

Entre elas, que a politica de relação entre governo e congresso, esta que está sendo adotada agora, não impede golpes.

Nosso governo é um governo em disputa. Não é perfeito e nunca será. Perfeito ou não, é o nosso governo. E sempre há como melhorar, sempre há como fazer um pouco diferente, sempre há como fazer melhor.

(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT

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