Oposição dividida e à mercê de personalidades

Por Fausto Antonio (*)

Epigrafia dos lugares esquizofrênicos, é  o  caso  especialmente da Unilab-Ceará,   com negros  e  africanos  em profusão  e  com a  docminação, exploração, opressão  e  poder brancos. Sendo  assim constituído o  estado e estágio  do racismo, a despeito de  maioiria  negro-africana, na  Unilab  Bahia  e  Ceará,  o Reitor  e  a vice são brancos. 

Meta Epigrafia  das personalidades 

As  personalidades, conforme título do artigo, são referências às  cabeças das chapas de  oposição  e, sobretudo, às  personalidades diversas que se  arvoraram, numa  espécie de “carteirada” de veste  coletiva, como vozes e representantes, num falso  consenso, de movimentos  sociais  e  correlatos. Esqueceram  as  personalidades,  não obstante  as  “carteiradas” pessoais e  alusivas aos movimentos  sociais, da unidade na luta e na  constituição  da oposição.  A “ carteirada”  foi  usada, sem cerimônia e sob  a  égide do mito de democracia  racial, para “justificar”  o  voto  nas  chapas  encabeçadas preferencialmente por  brancos.  

Uma  palavra  a  respeito do título do artigo

As  personalidades, conforme título do artigo, são referências às  cabeças das chapas de  oposição  e, sobretudo, às  personalidades diversas que se  arvoraram, numa  espécie de “carteirada” de veste  coletiva, como vozes e representantes, num falso  consenso, de movimentos  sociais  e  correlatos. Esqueceram  as  personalidades,  não obstante  as  “carteiradas” pessoais e  alusivas aos movimentos  sociais, da unidade na luta e na  constituição  da oposição.  A “ carteirada”  foi  usada, sem cerimônia e sob  a  égide do mito de democracia  racial, para “justificar”  o  voto  nas  chapas  encabeçadas preferencialmente por  brancos.

Na Unilab, a  análise pré  e pós pleito  eleitoral  precede o reposicionamento da oposição 

A  avaliação, após a  disputa  eleitoral   da Reitoria  da    Unilab, Universidade  Internacional da  Integração da Lusofonia Afro-Brasileira, pede  uma  análise  que  considere o  estado  da  organização e  força das chapas derrotadas, as  chapas  l  e  3 e  concomitantemente  da vitoriosa, a chapa 2.  No  geral  ,  a  chapa  2  foi  vitoriosa, nas nos Malês, Bahia, no  entanto, a  vitoriosa  foi  a  chapa 3, composta por  candidatura negro-africana, resultado  que  negrita  a  existência orgânica e organizada de oposição  à chapa vitoriosa e  indiscutivelmente à  gestão bolsonarista-sionista.

Para ser eficaz , o  processo avaliativo deve ser convocado pelas bases das chapas derrotadas; não é  aconselhável, considerando como se deram  as candidaturas e  a  disputa, aguardar um aceno de unidade, à  esquerda, das professoras reitoráveis, chapas 1  e 3,  derrotadas pela  extrema  direita, chapa 2.

No  pleito  realizado nos  dias  12  e 13 de  fevereiro de 2025, a  disputa  ficou reduzida à senda  eleitoral stricto sensu; o  que  revelou   a  ausência  de um campo oposicionista  com unidade programática e  política. A  disputa , nucleada  por  duas oposições personalistas, não teve uma coordenação coletiva  para  conduzir  o processo tático, o  eleitoral, subordinando-o ao projeto político de  longa  duração  e  estratégico, que  visaria à hegemonia , na  conjunção e  conjugação  de  forças  à  esquerda, para derrotar a gestão bolsonarista.  O  resultado derivado  do pré-eleitoral , no  eleitoral, deu no  que  deu, isto é, oposição  dividida e  vitória da chapa de extrema  direita.

As discussões doravante, respeitando  a centralidade do  movimento de  oposição, não podem ou não  devem ficar refém das professoras reitoráveis  que  encabeçaram as  chapas 1  e  3.  A  condução da composição e de  articulação da  oposição deve fica  sob  os  cuidados de um movimento,que  se  posicione acima  dos  limites eleitorais,    em cuja ação-estratégica ficará confiada a    luta  por  hegemonia, em  conformidade com a  missão histórica da Unilab, orientada para a  interiorização , internacionalização de gestão,  currículo e autonomia  dos  Malês, Unilab -Bahia, com reitoria em São Francisco  do  Conde, validando o projeto e missão histórica da instituição.

Indico, à  guisa de entendimento do significado do projeto de  interiorização , de   internacionalização e de Reitoria nos Malês-Bahia, a  leitura  dos  artigos “ A Unilab e as Novas Rotas do Atlântico Negro | Página 13 “  e “  Interiorizar e internacionalizar currículos e gestão na Unilab …

Isto  posto, vale  enfatizar  que a  análise  precede o  reposicionamento dos  campos derrotados na  disputa eleitoral, que  tem valor apenas tático. Sendo tático o  eleitoral, as  discussões devem apontar um indispensável deslocamento para o protagonismo de um movimento de  unidade na  luta e, por  força de organização, capilaridade e crescente  mobilização,  de oposição à  gestão bolsonarista  vitoriosa e  de radicalização  no processo e  projeto  de  intervenção  e  de defesa do projeto histórico da  Unilab

Maioria negro-africana e  poder branco

Analisar as  bases efetivas, além do pendor  meramente sufragista das chapas derrotadas, é fundamental  e, por  igual equivalência,  no  embate relativo à  correlação de  forças, avulta  a  necessidade de  entendimento do  lastro  da base social que  apoia e  apoiou a  chapa vitoriosa. É  tarefa, sem descuidar da  manutenção, formação e  mobilização  dos  ativistas arregimentados  pela oposição  atual, disputar a base que  está tática  e  equivocadamente apoiando o projeto de extrema direita. Há  frações de  docentes, discentes e técnicos(as)    que votaram na gestão de extrema direita, que   é constituída, inclusive,  por  quadros dirigentes  apoiadores do sionismo, de  acordo com mensagem veiculada pelos  meios  informacionais e apresentadas na  ilustração do artigo.

A bem do entendimento das reentrâncias  da Unilab, é  notório  que os  cooptados pelo assistencialismo e  outros  meios  direcionaram apenas  o  voto, no  entanto, não são quadros orgânicos da extrema  direita, do sionismo  e do projeto de desmonte da Unilab.  A eleição na Unilab reafirma e  retroalimenta  o  mito da democracia  racial e  o  racismo. Numa síntese, no caso em pauta, estamos  diante da epigrafia dos lugares esquzofrênicos, é  o  caso  especialmente da Unilab-Ceará,   com negros  e  africanos  em profusão  e  com a  docminação, exploração, opressão  e  poder brancos. Sendo  assim constituido o  estado e estágio  do racismo, a despeito de  maioiria  negro-africana, na  Unilab  Bahia  e  Ceará,  o Reitor  e  a vice são brancos.

É  útil enfatizar  que  a  chapa 2, eleitoralmente vitoriosa,  é  reconhecida como bolsonarista, neoliberal e, na  sua  cúpula diretiva,conta  com quadros  pró sionismo. Sendo  assim  constituída, ela  é   expressão, a  despeito  de  ter negros(as)   e africanos (as) em profusão na  base e em   cargos de confiança, do branqueamento  curricular e político   da Unilab   e, por  tal razão,  artefato  da  branquitude como base concreta de poder.  Não é  por  outra  razão  que  temos , em profundo  e total desacordo  com o chão  negro-africano e   projeto  da Unilab,  Reitor e  vice Reitora  brancos.  A  vitória  da  chapa 2, na  Unilab, é  a materialização  da  existência institucional  , estrutural  e igualmente   sistêmica-epistêmica  do racismo largamente  naturalizado no Brasil e notadamente  na Unilab.

A  Reitoria  branca  e  com vassalos  negros(as) e  africanos(as)

O  atual  Reitor, branco e bolsonarista,   vencedor do  pleito  de  2025,  tem e  construiu  base  social na Unilab, principalmente no Ceará.  A  rigor, ele  construiu sua base  sobretudo  no  Ceará, no  entanto, avança lentamente  para os  Malês.   A oposição , sem unidade estratégica,   ficou  apenas  no eleitoral. A  oposição  não radicalizou, relevando  a  centralidade e a  inseparabilidade  de  classe, raça, gênero  e  território usado, a  racialização existente  na disputa  da Reitoria.   Infelizmente, o  jogo  meramente  sufragista  não  forma, a  rigor, deforma, despolitiza, amolece, limita    e tira o  entendimento da luta de  classe,raça, gênero  e território usado.     É  preciso compreender  o   processo e advento da Unilab  sem excluir  a  centralidade da  luta contra  o  racismo .   A  oposição, fragmentada  por  duas chapas,   deveria  discutir  abertamente o  papel  e  o  lugar limitado  do  jogo  apenas  eleitoral e  construir uma intervenção  conduzida literalmente  por  um movimento  e/ou força  coletiva.   É  fundamental  a  avaliação  do  processo  e  a  continuidade  da  disputa  de  longa  duração e  de  modo  coletivo e  não  nucleada tão-somente  por  candidaturas, que  são  apenas  táticas. O  foco  estratégico, a  superação  do  racismo em conformidade com o  espaço  e  projeto  inaugural da Unilab, não teve  lugar no  debate e nas intervenções.  De  outro  modo,    a  estratégia, materializada pela  luta  por  hegemonia nas reentrâncias e  no chão da  instituição,    entra  agora  no  tabuleiro  e  encruzilhada  da  Unilab.

(*) Fausto Antonio  é  professor  Associado da Unilab, Bahia, escritor, poeta e dramaturgo.

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