Sobre a crise política e social no Equador

Varlindo Nascimento (*)

Desde o começo de outubro o Equador foi tomado por uma série de mobilizações populares que, desde então, só tem aumentado de tamanho. A grande mídia intensifica o discurso de que o governo de Lenín Moreno sofre uma crise interna por conta do fim dos subsídios aos combustíveis, o que tem encarecido os derivados de petróleo em mais de 100%. Porém, o que os meios de comunicação hegemônicos não falam é que essa medida significa apenas a gota d’água que fez transbordar o copo.

Moreno foi eleito presidente do Equador em 2017 na esteira dos governos progressistas de Rafael Correa, de quem havia sido vice-presidente. Após eleito Moreno simplesmente rasgou o programa de governo que o havia eleito, traindo a população. Rafael Correa, por sua vez, encontra-se exilado em Bruxelas, na Bélgica, devido uma acusação de suborno. O poder judiciário equatoriano, apoiado politicamente por Moreno, se comporta nesse caso como um mero assistente executor dos interesses do imperialismo.

Ocorre de fato que o povo equatoriano tem sofrido desde 2017 um processo contínuo de precarização das condições de vida, tal qual ocorre no Brasil desde o Golpe parlamentar que elevou Michel Temer a presidência da república, em 2016. Os níveis de pobreza só aumentaram no país andino desde que uma série de reformas de caráter neoliberal foram implementadas por exigência de organismos internacionais como o FMI.

A reação da população responde a todos os ataques que ela vem sofrendo durante os últimos dois anos. Movimentos populares, indígenas e de trabalhadores já conseguiram fazer com que as forças do Estado perdessem o controle de Quito, capital do país, transferindo o governo para Guayaquil.

Neste momento o governo ainda conta com o apoio e a fidelidade das forças armadas, além, é claro, do imperialismo internacional, o que nos deve deixar atentos e cautelosos em relação a sequência dos fatos. Porém, é inegável que a reação do povo equatoriano mostra que há um caminho bem claro a ser seguido por aqueles que prezam pela justiça social e pela soberania dos povos, e esse caminho não passa por acordos institucionais com o golpismo e com o entreguismo. Que a mobilização no Equador até este momento sirva de exemplo para a esquerda brasileira.

(*) Varlindo Nascimento é  militante petista em Recife- PE.

 

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