Uma análise sobre o posicionamento da juventude do PT sobre a aliança Lula-Alckmin

Por Rodrigo Poletto (*)

Militantes do “campo popular” no  5° Congresso da Juventude do PT

Os moderados que se preparem, não aceitaremos a barbárie institucionalizada: uma análise sobre o posicionamento da juventude do PT sobre a aliança Lula-Alckmin

A Juventude do PT, reunida em seu 5º Congresso Nacional, mostrou-se mais acovardada que a Direção Nacional do Partido: negou sua base ideológica – já fragilizada pela atual majoritária – e deu passe livre para uma possível aliança Lula-Alckmin, se abstendo de um posicionamento necessário.

O campo popular[1] – como chamarei nesse artigo –, propôs o debate sobre a possível aliança entre Lula e Alckmin, vendo a necessidade da JPT sair de seu 5º Congresso com um posicionamento firme contra a barbárie institucionalizada em nosso partido. Era, também, um gesto simbólico a ser feito, afinal, o Congresso ocorria na terra natal do tucano, em São Paulo, e, mais simbólico ainda, a plenária estar sendo realizada na APEOESP, o sindicato que representa uma das categorias que mais sofreu atrocidades nas mãos de Alckmin enquanto governador.

A moção, por nós apresentada e seguida por uma parte significativa das forças políticas – como a Militância Socialista, a Esquerda Popular Socialista, a Democracia Socialista e a Avante –, não trazia nada de novo, muito menos fora da realidade: demarcamos as atrocidades da política representada por Geraldo Alckmin e seus governos, com viés ideológico totalmente contrário ao que o PT se propõe. Mostramos o mínimo, ou seja, que essa aliança – levantada nos bastidores pela mídia tradicional – não tem a menor possibilidade de concretizar um projeto democrático-popular e socialista.

Vimos a história repetir o passado. A majoritária da Juventude do PT defendeu, com unhas e dentes, que este debate não deveria surgir em nosso Congresso, não deveria ter posicionamento do maior fórum deliberativo da juventude petista e, por mais incrível que pareça, ainda ouvimos que essa aliança representaria uma guinada estratégica para o PT, podendo nos levar à vitória em primeiro turno.

A defesa da CNB – contrária à moção – conclamou a juventude petista a “acreditar em Lula”, na sua firmeza ideológica e programática, dizendo que as instâncias do PT não deveriam ter um posicionamento sobre a aliança e, mais, dizendo que a juventude do PT não poderia ter um posicionamento a respeito da questão. Defesa esta que foi seguida por grande parte da Resistência Socialista e outras forças que compõe o campo majoritário.

São tantos equívocos que acreditei não estar em um espaço de uma juventude que se propõe, na teoria, em ser democrática, de massas e socialista. Aos gritos de “vai avançar a unidade popular”, vimos uma parte do plenário do Congresso impedir que o debate ocorresse de forma qualificada, suplicando para que confiássemos em Lula e nas suas convicções ideológicas.

Poderia discorrer linhas e mais linhas sobre essa atrocidade vivenciada na plenária final do 5º Congresso, mas paro por aqui, com a certeza de que a maioria da militância jovem desse partido, impedida de se manifestar, não corrobora com a barbárie que foi institucionalizada – muito antes desse episódio, diga-se de passagem – e não será favorável a essa e a qualquer outra aliança que coloque em risco um projeto popular de Brasil. Afinal, Lula bem disse em sua participação no Congresso da JPT “só tem razão de eu voltar para fazer mais do que eu já fiz”, e isso só será possível com um programa forte, democrático-popular e socialista.

(*) Rodrigo Poletto é militante da Articulação de Esquerda no Rio Grande do Sul e foi eleito Secretário Estadual da JPT.


[1] O campo formado entre a Articulação de Esquerda, a Militância Socialista e a Esquerda Popular Socialista para a disputa do 5º Congresso Nacional da JPT.

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